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Wednesday, October 13, 2010

It gets better!




Primeiramente, por favor me perdoem o Português errado. Tenho vivido fora do país por quase cinco anos e estou meio enferrujado, isto sem falar na revisão ortográfica que aconteceu por aí depois que deixei o país...



Foi com tristeza e revolta que assisti nas últimas semanas às notícias sobre o suicídio de adolescentes nos EUA devido a "ataques e perseguições" por parte de colegas na escola por causa da "desconfiança ou certeza" quanto à sua homosexualidade.

Tristeza porque posso imaginar o sofrimento e desespero de alguém para se chegar ao ponto de tirar a própria vida e revolta porque facilmente se pode traçar pessoas, associações, instituições e organizações na raíz do problema.

Entrar na adolescência e ter que lidar com todos os assuntos à ela associada já deveria ser por si só complicação suficiente (e todo mundo sabe disso) mas ainda por cima ter dúvidas profundas sobre sua própria sexualidade e ainda ter que lidar com “ataques e perseguições” é muito para cabeça!

O projeto “It gets better” (see link: http://www.youtube.com/user/itgetsbetterproject ) algo como “melhora com  o tempo” é uma iniciativa fantástica promovida nos EUA por celebridades, comunidades gays e não-gays, GLS e afins que tem como propósito mostrar que realmente “It gets better”. Muitas pessoas vieram a público para falar de suas histórias de frustrações, aceitação, violência, sucessos, amores e paixões. Há vídeos que realmente valem a pena ser assistidos, mas estão em Ingles...
Me fez buscar minhas memórias, há muito enterradas... Teria sido eu também atacado e perseguido?

Primeiro devo explicar algo: nunca fui afeminado e embora tenha tido várias namoradas sempre lutei contra minha sexualidade até que um dia há poucos anos atrás me olhei no espelho e finalmente decidi que era tempo de parar de lutar contra ela e de me aceitar como homossexual.

Nunca gostei de futebol ou qualquer outro esporte violento, nunca gostei de brigas, sempre fui muito sensível às artes, música, Literatura, etc o que com  certeza não passou despercebido aos meus “colegas” de escola, infância, etc. É ainda difícil ter que revisitar estas memórias, mas, SIM, fui atacado e tive que lidar com violência e descriminação devido a ser algo que ainda não estava claro nem a mim mesmo.

Me lembro de toda dor e frustação de ter que lidar com assuntos que me eram desconhecidos e o pior de tudo era não ter nenhum suporte, ninguém com quem discutir. Como chegar para a minha religiosa e conservadora família e simplesmente falar?
Uma vez que não encontrei suporte em lugar algum somente o tempo acabou por trazer algum alívio.
Felizmente nunca pensei em me matar, mas pensei sim e por várias vezes em dar um fim em quem me atacava...

De qualquer forma, são memórias e como tal pertencem ao passado. A única coisa que posso dizer é que me endureceu e me fortificou.
Cresci, estudei, fui capaz de encontrar sucesso em minha carreira, corri o mundo, conheci muitas pessoas interessantes, expandi meu horizontes e isso nada ou ninguém vai me tirar. Apesar de tudo: vim, vi e venci e recentemente encontrei um parceiro com quem estou vivendo por mais de um ano. Sou feliz e estou finalmente em paz.
Acredite: It gets better!

Mas o que aconteceu com estas pessoas que me atacaram?
A maioria delas desapareu eu sua própria mediocridade, mas alguns tem e tiveram uma vida miserável, sem esperanças, sem felicidade e sem sucesso... Desculpem-me, mas sinceramente acredito que cada um tem aquilo que merece. Semeou ventos, colha tempestades!

Quem são os culpados?
Primeiramente, colocar filhos no mundo é fácil, mas não para por aí, pelo menos não deveria. É preciso prestar atenção a tudo e prover suporte, não somente financeiro, mas fundamentalmente emocional. Infelizmente a maioria dos pais por qualquer que seja a razão, seja por ignorância ou por simplesmente não querer ver, não estão à altura do desafio e instituições como por exemplo a Igreja, com esta política de rotular “homossexualidade” como “coisa do demônio” que pode ser combatida através de fé e muita reza não ajuda.
Muito pelo contrário: não é assim que funciona e só tende a complicar as coisas. Acho que as recentes mortes de mais de 600 adolescentes somente nos Estados Unidos demonstram isto.

Com o passar do tempo cheguei à conclusão que Religião, seja ela qual for, não é mais do que o ópio do povo. Ao invés de se enfrentar a situação com racionalidade, sensibilidade e responsabilidade é sempre mais fácil esconder-se atrás de crenças religiosas e negar uma situação esperando que ela se resolva por si mesma e que com o tempo desapareça.
Se esse é o caminho que você escolheu, reze e cruze os dedos na esperança de que você nunca precise ir ao funeral de seus próprios filhos que devido à falta de apoio foram levados a tirar a própria vida.

Esta semana assisti na TV aquele cretino do Carl Paladino (candidato ao governo de Nova Iorque) fazendo comentário homofóbicos na TV. Abaixo, mas infelizmente somente em Inglês.
Agora me responda: Em que isso ajuda? Somente coloca mais lenha na fogueira da intolerância.

Esquanto a humanidade não começar a respeitar outras culturas, crenças, opções sexuais, modos de vidas diferentes, etc vamos continuar a ver este tipo de notícias na mídia. Mas isso não é tudo, o fundamental é que a Humanidade pare de tentar impor aos outros suas próprias crenças e pontos de vista.
Caralho, isto vai contra a própria natureza humana: cada indivíduo é único, com sua própria genética e identidade. Por que forçar um único caminho?
É hora de parar com isto...

O que pode ser feito?
Com relação aos ataques e violência a própria sociedade tem que se organizar e proporcionar suporte e apoio a seus jovens. É inconcebível que instituições como escolas não tenham profissionais capazes de lidar com o assunto.
Realmente espero que todo este “furor” na imprensa tenha pelo menos o lado positivo de levar à ações concretas...

A própria Igreja deveria se olhar no espelho e antes de atacar a “homossexualidade” deveria resolver e enfrentar de vez o problema dos “abusos sexuais” que acontecem diariamente debaixo de seu próprio teto levados a cabo por padres que deveriam primordialmente zelar e proteger sua comunidade.
Resolvendo estes assuntos, talvez a própria Igreja possa ter um novo começo, baseado em respeito e tolerância e pare de taxar a homossexualidade como uma doença, mas simplesmente como uma das facetas do ser humano, que como o próprio Deus nos falou, possue livre harbítrio para escolher seus caminhos...

Agora nós, gays, comunidades GLS, bi, trans o que quer que sejamos, temos que primeiramente adotar outro “modus operandi” e evitar certos compartamentos e enfrentamentos.
Não preciso por exemplo beijar meu namorado num restaurante... Isto pode ser feito em casa! Mas devemos sim é nos organizar e lutar por nossos direitos como seres humanos. Mas primeiramente devemos saber o que queremos.

Sei o que eu quero: quero viver minha em paz e da maneira que escolhi, quero ter todos os direitos civis que qualquer cidadão tem, direitos baseados nas aspectos e necessidades humanos, não em estúpidas convenções religiosas.

Por que não posso me casar com o parceiro que escolhi? Por que meu parceiro não pode ser herdeiro de meus bens? Por que tenho que lutar pelo direito de tê-lo sob a cobertura de minhas apólices de seguro?

Apenas quero os mesmos direitos que a Constituição de meu país assegura a todos sem distinção de sexo, cor da pele, opção sexual ou crença religiosa...

Por acaso mereço menos que isto?

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